Procedimentos estéticos são indicados quando não estimulam distúrbios de autoimagem
Especialistas na área médica e psicológica trazem informações seguras sobre esses procedimentos e reforçam que é preciso cultivar boa saúde mental.

A busca por procedimentos estéticos tem crescido no Brasil e isso pode ser compreendido pela procura do corpo ideal e também pelas novas possibilidades técnicas da medicina estética, que aposta em tendências, segurança e inovação contínua. Inclusive, a Pesquisa Global Anual sobre Procedimentos Estéticos/Cosméticos, da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), aponta que nos últimos quatro anos procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos cresceram 40%. Vale dizer, dentro disso, que o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de países que mais performam nessa área.
Segundo a Dr. Amanda Tauana, médica dermatologista e professora do Instituto de Educação Médica (IDOMED), durante o início do ano as pessoas têm preocupações estéticas muito compreensíveis e que podem ser exitosas. “Essa procura acaba por aumentar muito porque existe o desejo de se cuidar, sentir bem e começar um novo ano de uma forma mais feliz consigo mesmo”, observa. Ela acrescenta que nesse período os procedimentos mais procurados são: toxina botulínica, o preenchimento com ácido hialurônico, o laser e bioestimuladores de colágeno, “que trazem resultados naturais e elegantes para os pacientes”, pontua.
Em alguns casos é preciso ter cuidado com alguns procedimentos quando o paciente tem uma cicatrização ruim. “Nas situações em que pacientes têm tendência a formar queloide, por exemplo, sempre orientamos pesquisar outras cirurgias que ele já tenha feito. Outras coisas que tendem a interferir na cicatrização são doenças que já podem ter e, inclusive, hábitos ruins, como fumar. São situações que podem influenciar nos processos de cicatrização”, alerta a Dra. Amanda.
A médica também compartilha que para que os procedimentos estéticos sejam realizados de forma adequada, é preciso uma atenção transversal e humanizada. Isso é um convite paraque as pessoas interessadas também compreendam a necessidade de ter uma alimentação saudável, praticar atividade de forma regular e estimular uma boa saúde mental, “uma vez que vemos cada vez mais pessoas com distúrbio de imagem”.
Bem-estar mental é fundamental para evitar distúrbios de imagem
Ao visualizar a relação entre procedimentos estéticos e saúde mental, o psicólogo e professor de Psicologia da Wyden, Railan Silva, pondera que mais do que um determinismo engessado é imprescindível avaliar individualmente a história do sujeito para identificar se existe algum nível de crença ou modo de processamento emocional que gere prejuízo atrelado à sua autoimagem. Isso serve para identificar em qual parte esse desejo pelo procedimento estético está vinculado. É um cuidado que versa para o entendimento de para que lugar esses sujeitos olham e se é prejudicial.
O psicólogo endossa que é importante compreender que ao pensar a questão da autoimagem é preciso olhar para a história de cada sujeito e notar como ela é construída. “Algumas pesquisas mostram que em ambiente de autovalidação, em que familiares e cuidadores têm palavras de afirmação, que elogiam as características físicas, pode aumentar o autovalor que uma pessoa tem”, observa. Na outra ponta, se esse indivíduo está em um lugar social que tem muita pressão pelo corpo mais magro ou mais jovem, ou ainda, quando vivencia um contexto que parte da crítica, “essa construção da autoimagem pode ter um lugar de mais sofrimento. Nesses casos, temos profissionais da psicologia que podem ajudar e essas demandas são desenvolvidas ao longo do processo terapêutico”, afirma.
Dentro dessa percepção, especificamente quanto aos procedimentos estéticos que modificam consideravelmente a imagem, é fundamental considerar que antes, durante e após realizá-lo a pessoa deve passar por um processo de acompanhamento psicológico. “Hoje, já temos inúmeros profissionais preparados, que investigam a história de vida e articulam recursos para auxiliar nos aspectos psicológicos. Contudo, não é uma preparação que garante que a pessoa esteja 100% pronta e satisfeita, porque são sujeitos dinâmicos e complexos, por isso a necessidade do acompanhamento”, conclui Railan.